sábado, 23 de julho de 2011

DINHEIRO, DEUS E ABSTRAÇÃO

No livro "Dinheiro- Sanidade ou loucura?" Axel Capriles fala do dinheiro como um dos processos que permitiram a evolução do homem.
Não foi a criação de ferramentas o que possibilitou os avanços tecnológicos- estas foram consequências, mas sim
a mudança na forma de ver o mundo, o que fez com que o homem saísse de seu estágio bestial.

Esse passo importante na diferenciação do homem dos demais animais foi o desenvolvimento da capacidade de abstração. Essa abstração se deu em duas vertentes, uma material e outra metafísica, digamos assim:

Na metafísica o homem "criou Deus", no sentido que percebeu processos que não eram cabíveis apenas a sí e aos demais seres vivos. Ele foi capaz de conceber uma divindade, e passou a criar simbolismos que dessem conta dessa relação do divino com o mundo físico. O plano metafísico passa a influênciar nas suas ações, e é por isso que o homem passa a enterrar seus mortos, a ritualizar suas ações, como a busca de alimento...

No Plano prático "criou o dinheiro"- a outra abstração.
Com as trocas o homem passou inicialmente a exercitar sua mente no sentido de traçar equivalências: X bois valem...X peixes? E posteriormente com a criação do dinheiro a necessidade de abstrair foi ficando maior: meus 2 bois valem 30 conchas. Era realmente atribuir à um objeto qualquer um valor simbólico, "de mentirinha": dinheiro é qualquer coisa que se atribua determinado valor desde que haja pessoas que aceitem essa "convenção". Esta ação é a mesma que nós fazemos hoje, ou nossas crianças, o processo é igual.

Em ambos, Deus e o dinheiro são abstrações, são processos onde se confere um supra-valor a algo que em sí não existe, é neutro, é vazio, é nada.
(Deus pode existir ou pode não existir depende da vontade do sujeito)
Uma vez que é nada, pode ser tudo também.
Uma vez que é vazio pode ser preenchido por qualquer coisa.
Deus é potência e nesse sentido o dinheiro também.

É como uma caixa vazia que colocamos o que quisermos.

Então o dinheiro tão material, tantas vezes acusado de sórdido, de corruptor, é na verdade tão impalpável como Deus, e tão importante no desenvolvimento do homem quanto ele.
Dizem que cada um tem o seu Deus, ou o Deus que merece, "que te cabe", "em que caibam suas crenças" por assim dizer.
Acho que dessa forma posso dizer que "cada um tem o dinheiro que merece", ou "que te reflete".

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