quarta-feira, 20 de abril de 2011

SOFISTICAÇÃO SEXUAL X MATURIDADE SEXUAL

Alexander Lowen um discípulo do Reich, escreveu "Amor e Orgasmo" um livro com um título infeliz que remete àqueles famigerados manuais de sexo para casais iniciantes que ele mesmo deplorava. O livro é muito mais do que isso, ele antecipa questões (o livro é de 1965) que hoje estão acentuadas no comportamento sexual e principalmente nas relações entre as pessoas.
Mais do que tratar de sexo ele trata de psicologia, de como o a cabeça influi no corpo e na recepção do prazer, e de como esse caminho é de ida e volta.
A primeira questão que ele traz no livro já dá o que pensar:

SOFISTICAÇÃO SEXUAL X MATURIDADE SEXUAL

Hoje a questão da sofisticação sexual se alastrou, reagindo à um passado de proibição e restrição do comportamento sexual, e o que se vê agora é o inverso: é preciso fazer sexo com muita frequência, é preciso gostar de sexo sobre todas as coisas, e é preciso experimentar todas as variações de parceiros e de técnicas, e gostar disso, caso contrário corre-se o risco de ser considerado problemático sexualmente.
Seria então o homem moderno um "acrobata do sexo" ou como ele diz um "performer", aquele cujo comportamento sexual visa impressionar a sí próprio e aos outros:

"O desempenho é mais importante do que as sensações, os sentimentos e as vivências."

"O elemento sexualmente sofisticado considera o ato sexual um desempenho e não a manifestação de sentimentos pelo parceiro sexual."

"É legítimo suspeitarmos que a moderna sofisticação sexual seja um disfarce que encobre e oculta a imaturidade, os conflitos e as ansiedades sexuais."

"A sofisticação sexual é uma tal barreira à maturidade sexual que deve ser eliminada para que nossa liberdade sexual possa chegar ao prazer e à alegria de viver e de amar."

Já naquela época Alexander Lowen identificou: os nossos atletas do sexo não são felizes sexualmente. Segundo ele há um grande contingente de homens e mulheres "sofisticados" sexualmente e muito pouco satisfeitos ou felizes com o sexo.

PORQUE SEXO NÃO É ESPORTE.
* É perigoso demais- falando de integridade física (ops, tempos de aids, de papilovirus...) e emocional.
SEXO É UMA EXPRESSÃO DE AFETO.
* Lowen coloca "amor", mas como isso parece remeter ao amor romântico, à paixão...preferí mudar para afeto, que parece para mim algo mais amplo que estar amando, algo mais ligado à carinho e intimidade.

"A plena realização sexual não pode ser alcançada com o uso, ou pela prática de técnicas sexuais especiais. Ao contrário: ela resulta de um modo de viver, da experiência de uma personalidade madura. Há uma grande necessidade de se compreender a sexualidade como uma expressão emocional."

Já a MATURIDADE SEXUAL se inicia com uma consciência global do corpo, da sua saúde, dos seus níveis energéticos, mas ela é caracterizada realmente pela compreensão de que a sexualidade é uma expressão física, emocional, e por que não espiritual?
Porque sexo não se restringe apenas ao corpo e às reações físicas decorrentes de estímulos sensoriais.

O ato físico do sexo, envolve a experiência emocional e espiritual de aproximação com o parceiro, de vir a conhecê-lo, de criar intimidade.

Toda visão de apenas uma faceta do indivíduo é empobrecedora, seja ela sexual, ou espiritual ou emocional. O sexo faz as pessoas ficarem juntas fisicamente, mas é impossível dissociar o corpo, do sentimento e do espírito pois somos seres complexos.

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domingo, 17 de abril de 2011

NÃO JULGARÁS

Acordamos pensando e dormimos pensando, e no nosso mais tolo pensamento há um julgamento de valor...
Na nossa cultura ocidental somos instados a fazer julgamentos o tempo todo, bom ou ruim, feio ou bonito, isso ou aquilo... enfim temos que emitir uma opinião sobre tudo e sobre todos... sempre.
E isso é muito desgastante.
A questão é a seguinte:
Todo julgamento é um gasto de energia.
E todo julgamento é uma turbulência na mente, porque é uma contenda à ser resolvida.
Logo, exercitar o não-julgamento é se permitir não ter opiniões formadas sobre algo.
É dar um descanso para a mente.
É sair da posição de onipotência do julgador e simplesmente se colocar na posição de humildade de quem não tem as respostas, e na posição menos cansativa também de alguém que não é sabedor...
Então, RELAXE e NÃO JULGUE...

ACHAR-SE É CONSTRUIR IDENTIDADES E LIVRAR-SE DELAS...

Nilton Bonder

Mas como é difícil...

sábado, 16 de abril de 2011

POR UMA METODOLOGIA DE ESTUDO LIBERTÁRIA

Li este trecho do Campbell e embora ele tratasse de outra questão, me pareceu tanto que ele explicava uma metodologia individual de estudo, pautada unicamente pelo interesse do leitor...

" Sente-se numa sala e leia- leia, leia, leia. E leia os livros certos escritos pelas pessoas certas. Sua mente será levada a esse nível, e você terá, o tempo todo, um enlevo agradável, suave, cálido. Essa compreensão da vida pode ser uma constante em seu viver. Quando você encontrar um autor que o prenda de verdade, leia tudo o que ele escreveu [...] Depois você poderá ler o que ele tenha lido. Então o mundo se abrirá em coerência com um certo ponto de vista."

...me fez lembrar metodologia libertária de ensino da escola Summerhill e das aulas do grande professor Raul Antelo, e de uma maneira não linear de estudo e de ensino, uma maneira na verdade muito natural de adquirir o conhecimento, mais próxima do tridimensional e do quadridimensional, onde o tempo e o espaço- o movimento e sua velocidade são mais importantes. Não há um encadeamento linear ou causal, há sim um encadeamento muito mais orgânico, irregular e espontâneo dos assuntos estudados...

Muitos me perguntam como eu fiz para adquirir os conhecimentos que adquirí que não são específicos de uma área e nem unicamente acadêmicos, não que eu seja nem de longe um ser cultíssimo, mas posso afirmar que sou uma criatura viva, que tem olhos para ver, e vê, tem ouvidos para ouvir e ouve, tem boca para degustar e degusta...
Resolvi então relembrar brevemente como se deu o meu processo de aquisição do conhecimento, acho que se parece com um jogo de tabuleiro desses que tem casas tipo "Jogo da vida" ou algo assim.
Algumas observações que podem ajudar:

- Alguns autores ou obras fazem você andar muitas casas, outros deixam você de molho na mesma casa pensando até poder amadurecer e jogar de novo.
- Em algumas casas você não encontra obras nem autores, mas grandes mestres que fazem com que uma série de caminhos novos e interessantes surjam na sua frente e você vai seguindo...
- Existem livros e assuntos que você procura, e existem aqueles assuntos cujos livros te acham e te fazem levá-los para casa alegremente, esses são os mais perigosos...é o destino...
- Existem assuntos de estudo agradáveis, existem assuntos indigestos mas necessários.
- Muitos autores e obras acompanham os acontecimentos da nossa vida, mais densos, mais fluidos...
- Existem alguns assuntos de estudo que são só prá dar prazer, pura fruição...se dê ao direito de vez em quando, ou de vez em sempre.
- Não tenha preguiça. quem está buscando conhecimento caminha e caminha e nunca termina de caminhar, até porque a gente só deixa de aprender quando morre.
- Seja humilde, pergunte. não tenha medo de não saber, se for um grande mestre, ele sabe que ninguém tem obrigação de saber tudo, todo grande mestre tem o coração grande, generoso, te pega pela mão e ensina.
- Mas nem sempre temos um grande mestre ao nosso lado, mesmo assim prossiga com perseverança, mesmo com os passos pequenininhos você está progredindo, mais cedo ou mais tarde você pega uma obra ou autor bônus e anda 3 casas numa rodada só...
- O que importa é que o assunto de estudo seja de seu interesse, se é difícil ou fácil, se é agradável ou desagradável, se é útil ou só prazer...desde que te diga respeito de alguma forma.
- Esteja preparado para abrir mão de coisas materiais para estudar. Tempo livre para estudo custa dinheiro, livros custam dinheiro, consumir cultura custa dinheiro.
- Estudar demanda tempo afastado de tudo, marido, filhos, familia, amigos, bichos, do mundo circundante. Daí a questão: você gosta realmente de estudar? Porque se gostar vai ser um tempo maravilhoso só seu, de puro deleite pessoal e intransferível, mas se não gostar vai ser uma cela solitária...
- Estude quantos assuntos quiser ao mesmo tempo. Se você está estudando algum assunto doloroso, paralelamente se dê ao direito de assimilar também algo leve. Se está lendo muita teoria, busque algo muito poético prá contrabalançar...
- Se dê ao direito de ler apenas aquilo que te interessa, pule capítulos, ou faça a tal "leitura dinâmica" deles e vá para o ponto em questão. Leia do começo pro final, do meio pro começo... não se obrigue a ser linear, já fizeram isso com você na escola. E lembre-se: às vezes lemos um livro inteiro por conta de um parágrafo, mas esse parágrafo pode mudar a sua vida...
- Se dê ao direito de não gostar de algo que leu e de exteriorizar a sua opinião.
Eu não gosto de Thomas Mann por exemplo não importa o quanto digam que ele é maravilhoso prá mim é um saco...
- Para quê exatamente vc. quer estudar? Auto-conhecimento, conhecimento do mundo, vaidade, auto-afirmação, ambições materiais...Descubra, porque alguns motivos são capengas e não valem o trabalho, porque dá muito trabalho estudar...

- Por fim: Ensine. Seja generoso. Passe prá frente o que aprendeu, não retenha e não barganhe conhecimento.

sábado, 9 de abril de 2011

TRAGÉDIA, MIASMA E CARMA...

Vamos partir do pressuposto que eu não sou especialista em cultura grega e em Tragédias, ok?

Vamos começar pelo carma: Na nossa cultura fala-se muito de carma ruim, mas a lei do carma na verdade afirma que "colhemos o que plantamos".
Existe carma ruim e carma bom, e você pode ao agir tornar bom um carma ruim...e vice-versa.
Eu vejo o carma como um reflexo daquela lei física da ação e reação...

Já o miasma é uma espécie de "vapor", mas eu colocaria como efluvio daqueles que possuem uma doença altamente contagiosa...como a lepra nos tempos antigos, a cólera, a tuberculose nos séculos passados...
É uma espécie de nuvem que acompanha o doente contaminando tudo por onde ele passa.

Nas tragédias gregas o herói comete um erro grave que vai gerar uma série de infortúnios posteriores para ele e para os seus entes queridos. Esse erro pode ser causado pela vaidade, pela ganância, pela imprudência, pelo desejo... ou mesmo pela tentativa de driblar um destino que já tinha sido anteriormente traçado prá ele.

Funciona mais ou menos assim:

1-O herói trágico comete um "crime".
*O que se entende por crime é qualquer ação que tenha consequências nefastas na vida de alguém, diretamente ou indiretamente.
2-A partir desse momento esse herói passa a carregar consigo um miasma. É uma espécie de nuvem de infortúnio contagiosa- assim acreditavam os gregos:
"Pela herança maldita que carrega [...] Imundas, imundando tudo aquilo em que ele tocar;
Não poderá compartilhar banquete ou libação [...]
Homem algum jamais há de acolhê-lo, ou com ele dormir na mesma casa.
Zombado, desprezado, solitário
Chegará afinal a morte horrível"
IN Agamenon de Ésquilo
3-Após um sem fim de encadeamentos de ações ocorre a punição do autor do erro trágico e daqueles que a ele estão ligados.

* Como as peças de um dominó uma atrás da outra formando um circuito, o movimento se inicia quando o herói comete o erro trágico - isto é derruba a primeira peça- acabando com o equilíbrio do sistema e fazendo todo ele começar a ruir sequencialmente até que a destruição chega ao ponto de onde se iniciou a ação, derrubando o herói. A ação sai de um ponto e retorna à ele encerrando então seu ciclo.
* Agora por que também sofrem os próximos, os entes queridos do autor da má ação?
Explico: porque o autor trágico sabe que alguém que cometeu um crime, muitas vezes não se importa tanto em pagar por ele, mas fica mortificado se um dos seus, principalmente se for inocente, sofrer com as consequências da sua má ação, ou erro nefasto.

Tenho me perguntado ultimamente se os heróis trágicos não estão mais perto de nós do que imaginamos... Ao assistir ao filme "Sobre meninos e lobos" do Clint Eastwood, me dei conta dessa assustadora proximidade.
Eles não estão apenas na Grécia antiga, ou nas tragédias de Shakespeare, eles estão em nós, na vida dos nossos pais, amigos, parentes e conhecidos...
O que quero dizer é que a cada ação nossa corremos o risco de cometer um erro trágico, corremos o risco de criar um carma negativo que vai não apenas nos prejudicar, mas também àqueles que nós amamos...
Uma forma de diminuir esses riscos é fazer escolhas conscientes.


Segundo Deepak Chopra ao escolher ações que levam o máximo de felicidade para sí e seu entorno o indivíduo tem grandes chances de estar na direção de um carma positivo-para todos.

Essa também é a questão dos miasmas, se estamos em contato com alguém que está envolvido com ações que resultam em um carma negativo, ou seja um erro trágico, é bem provavel que em algum momento uma gota de sangue ou sujeira respingue em nós.

O CORPO SAGRADO E O CORPO PORNOGRÁFICO

Aprendí nessas longas jornadas da vida a considerar todo corpo como sagrado.
E que todo corpo de mulher é mais sagrado ainda.
Bom, pode ser porque eu sou mulher e escrevo a partir dessa condição sempre...enfim nada a fazer sobre isso...
Mas o fato é que para mim todo corpo é um templo, e um corpo que pode abrigar, nutrir e desenvolver um outro corpo é desta forma um templo duas vezes.

Muitas metáforas trazem o corpo humano com lugar sagrado, mas em alguns momentos da história as medidas do corpo humano, suas proporções, foram utilizadas como modelo para construções arquitetônicas, principalmente de templos quem quiser saber mais sobre isso que procure os tratados de arquitetura de Vitrúvio.
*Ele que viveu no séc. I a.c foi o criador daquele desenho que tornaria célebre Leonardo da Vinci- do corpo humano dentro de um círculo e de um quadrado. No renascimento seu texto foi traduzido e influenciou as construções da época e posteriores. O meu mestre supremo- o professor Raul Antelo da UFSC deu uma aula maravilhosa sobre entre outras coisas- Vitrúvio.

Em muitas religiões - um Deus, ou Deus- habita cada corpo de homem e cada corpo de mulher e ofender essa morada é ofender o Deus que alí habita.

Eu costumo observar mais as mulheres, talvez pela minha necessidade de compreender afinal o que é esse mistério de ser mulher, e eu vejo essas mulheres na praia, no vestiário da academia... e seus corpos, tão diversos em tamanho, cor, idade...muitas são gordas, outras nem tanto, outras magras, outras peitudas, outras sem peito, malhadas, jovens , velhas, recém saídas da infância... Todos esses corpos sem exceção me parecem sagrados - eles soam como variações, reflexos da mesma divindade feminina que gesta, pari, alimenta tudo o que existe no universo, inclusive filhos.

É tão estranho pensar que todas essas nuances do divino se apaguem quando você tem um corpo pornográfico...

A principal característica da pornografia, seja qual for ela, é destituir o indivíduo de sua completude e singularidade.
Parte- se o indivíduo extraindo dele apenas o corpo.
Mas o que é um templo que não é habitado por Deus? É uma casa morta, e uma casa vazia não tem razão de ser...

Ao criar uma imagem pornográfica de alguém o processo que ocorre é o de tornar vil o que é sagrado.
A pessoa passa a ser algo e não alguém, ou seja um objeto, como uma mesa, uma cadeira, um sapato...

Isso é mais grave ainda se levarmos em conta que o ser-humano tem o costume de humanizar objetos, atribuindo-lhes características emocionais ao associá-los à sentimentos ou fatos de sua vida, tornando o seu meio circundante mais caloroso e empático.

Portanto ao tornar uma pessoa uma imagem pornográfica torna-se ela menos que um objeto. Torna-se ela um nada, um ser vivo caminhante, falante, mas que é como um zumbi, um morto-vivo.
* Essa destituição do humano do que lhe é mais característico ocorreu nos campos de concentração como descreveria Agamben no seu livro "O que resta de Aushwitz".

Curiosamente na atualidade as pessoas tem mais e mais interesse por pornografia. Se antes ela parecia de interesse apenas dos homens- heteros e gays- agora são as mulheres que buscam essa indústria do sexo. Claro que as mulheres querem explorar todas as possibilidades que antes eram apenas dos homens, mas eu me pergunto: Será que precisamos mesmo? E será que os homens precisam também? Será que a excitação deles por essas imagens é real?

Todos os homens que eu conheci na vida gostavam de pornografia, gays, heteros, solteiros, casados, jovens, velhos... podiam esconder que gostavam por uma questão de falso decoro, mas gostavam e em algum momento isso aflorava.
Agora eu é que nunca entendí porquê, qual a graça que eles viam naquilo tudo...e olha que eu tentei, e tentei e cheguei a conclusão que prá mim aquelas pessoas da industria do sexo que eram apresentadas como objetos nunca deixaram de ser mães, irmãs ou fillhas de alguém... eu sempre pensei nelas com filhos prá criar, com contas prá pagar, com carências, sonhos...na verdade eu sempre pensei nelas como pensava em mim mesma...

Todo ser humano tem uma história, tem um caminho, tem um dom a realizar... e todo corpo traz essas marcas em sí...
E todo ser humano tem seu mistério, suas aguas profundas, das quais a gente só consegue perceber reflexos...
Então como querer que uma pessoa seja apenas um objeto?

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O SUCESSO E A BEM-AVENTURANÇA

Estou lendo, muito tardiamente é verdade, a obra do Campbell, e no seu "O poder do mito" ele fala da diferença entre SUCESSO e BEM-AVENTURANÇA, seria mais ou menos assim:

Segundo ele, existe a imagem da Roda da Fortuna, aqueles que estão no sucesso são os que se encontram na parte de cima da roda, e aqueles que estão no infortúnio, os que se encontram na parte inferior. Porém pelo fato de ser móvel- uma roda, a lei natural é que quem está em cima caia e quem está embaixo suba e assim sucessivamente...
Diferentemente acontece com aqueles que possuem a bem-aventurança, pois estes se encontram no eixo da roda, assim ela pode rodar e rodar e a situação deles é estar no centro.

Logo Campbell pergunta:
Você quer se dedicar ao sucesso ou à bem-aventurança?

Para quem está em busca da bem-aventurança há uma espécie de força que ajuda, mãos invisíveis abrindo portas, é como nadar a favor da maré:

"Persiga sua bem-aventurança e não tenha medo, que as portas se abrirão, lá onde você não sabia que haviam portas."

* É por isso que Deepak Chopra diz que devemos permitir a ação destas "mãos invisíveis", não devemos tomar tudo do nosso destino nas nossas mãos, mas apenas aquela parte que nos cabe.

** "E quem não tem esse tipo de apoio?" Pergunta Campbell em um certo momento, e eu afirmo que quem não tem esse apoio é porque não aceita tê-lo, quem não aceita a graça, o milagre...Bem, continua Campbell "esse é o tipo que evoca compaixão, o pobre coitado. Vê-lo tropeçando, desajeitado, quando todas as águas da vida estão exatamente alí, ao alcance da mão, realmente desperta piedade."

E como a gente sabe se está no caminho certo?

"Onde quer que você esteja, se estiver no encalço da sua bem-aventurança, você estará desfrutando aquele frescor, aquela vida intensa dentro de você, o tempo todo."

sábado, 2 de abril de 2011

A DISTRAÇÃO E OS CRIMES MORAIS

Hannah Arendt tem um livro que considero primoroso "Responsabilidade e Julgamento"- nele ela destrincha (exatamente este termo) as cabeludíssimas questões morais que assombram boa parte da humanidade.

Para ela, o homem não é apenas um, mas dois coexistindo no mesmo corpo, há aquele que age e há aquele que, de dentro, vê e julga:

"Falo comigo mesmo[...] e embora eu seja um só, sou dois-em-um, e pode haver harmonia ou desarmonia com o eu."

"Se discordo de outras pessoas posso me afastar; mas não posso me afastar de mim mesmo, portanto, é melhor que eu primeiro tente estar de acordo comigo mesmo antes de levar todos os outros em consideração."

* Essa é a grande questão, não há como fugir de sí mesmo, não há como partir a cabeça, tirar a consciência ou o "grilo-falante" e guardá-lo em um pote no fundo de um armário.

"Assim como sou meu parceiro quando estou pensando, sou minha própria testemunha quando estou agindo. Conheço o agente e estou condenado a viver junto com ele. E ele não é calado."

"Se estou em desavença com meu eu, é como se eu fosse forçada a viver e interagir diariamente com meu próprio inimigo."

"Se pratico o mal, vivo junto com um malfeitor [...] e ninguém vai preferir viver junto com um ladrão, um assassino ou um mentiroso."

* Logo podemos deduzir que a vida, quando não há uma concórdia entre essas duas pessoas que habitam um mesmo corpo, se torna um inferno.

Hannah afirma ainda que é este diálogo interno silencioso que nos distingue dos animais.
É a linguagem sim, mas usada de uma forma reflexiva
, afinal os animais se comunicam entre eles de alfguma forma- não verbal...

Segundo ela a única forma de fugir do conflito entre o eu que age e o eu que observa ao se cometer um crime moral é esquecer que o se cometeu.
E como se esquece? Através de uma constante distração...
Distraídos é assim que podemos chamar os moralmente inconsistentes...
Eu ferí por distração... eu me apropriei do alheio sem me aperceber... eu cometí um crime por acaso... sem intenção de...

Sem intenção maldosa e sem prestar muita atenção aos delitos que vão cometendo esses indivíduos dúbios vão caminhando e deixando às suas costas uma terra arrasada, exaurida, desolada...e tudo isso justificado por -apenas- DISTRAÇÃO.

DINHEIRO É ENERGIA CONGELADA, E LIBERÁ-LA É LIBERAR AS POSSIBILIDADES DA VIDA

Joseph Campbell

SUCESSO COMO TRAJETO E NÃO COMO OBJETIVO

"O sucesso na vida [...] encerra muitos aspectos, dos quais a riqueza material é apenas um.
É uma viagem e não um destino.
A abundância material, em todas as suas expressões apenas torna a viagem mais agradável."


Deepak Chopra