terça-feira, 8 de março de 2011

RESPIRE, BATA OS PÉS, BATA OS BRAÇOS, E TUDO JUNTO!

Pessoas contam, um, dois, três...mil.

Prá mim sempre foi um desafio: somas, subtrações, multiplicações e divisões. E fiquemos por aí porque o resto mesmo é que eu não aprendi.
Sempre me justifiquei desta esquivança dizendo que aquela chatice não me interessava.E não me interessava mesmo. Mas outras coisas me interessavam, e elas usavam os números e a capacidade de contar...

Eu nunca fui boa em decorar qualquer coisa que fosse.
Começou com a mão direita, e a mão esquerda. Passou pela tabuada, atingindo então as famigeradas fórmulas de física e matemática do vestibular; e um dia eu disse: acabou, não decoro mais nada.

Eu sempre dei um jeito de fazer a maioria das coisas sem decorar e sem contar... eu contornava o problema e o que não dava prá fazer mesmo eu desistia, porque no fim das contas mesmo não dá prá ser bom em tudo.

Porém das muitas coisas que eu queria aprender tais como dança ou música pressupunham eu identificar rapidamente qual a direita e a esquerda e decorar os movimentos e por isso eu ia protelando...

Segundo Marie- Louise von Franz:
"As crianças, como os adultos, tendem a fazer com maior frequência o que podem fazer bem e a evitar o que não podem.[...]
É natural adiar ou transferir para outras pessoas as coisas nas quais não nos sentimos superiores. Em decorrência desse comportamento natural, a unilateralidade vai sempre aumentando[...]
O ambiente reforça as tendências unilaterais existentes, as chamadas aptidões, e há portanto um desenvolvimento da função superior e uma lenta degeneração do outro lado da personalidade."

O que eu quero dizer é que preferimos, por uma questão de conforto, ou de acomodação, fazer sempre aquilo que fazemos melhor. O resultado disso é que nos tornamos especialistas em algum conjunto de atividades e bárbaros nas demais.

Esse ano eu decidí quebrar esse ciclo, fazer aquelas coisas que eu sempre quis fazer mas que digamos assim "não eram o meu forte" como a dança, os batuques, o canto.
Eu posso não vir a ser uma ótima bailarina ou uma boa música, mas agora posso ver que posso conseguir dançar direitinho, assim como posso tocar meu tambor honestamente.
E mais do que aprender a dançar e aprender a tocar ou a cantar eu posso equilibrar minhas capacidades.

Essas atividades em que eu não "reinava" habitualmente estão me fazendo aprender muito:

- Primeiro humildade, de pedir ajuda, de aceitar ser ajudado e corrigido quantas vezes forem necessárias.
- Compaixão pelas minhas dificuldades, e por conseguinte pelas dificuldades dos outros. Alteridade como diz uma amiga, ver que o outro não é você e que as dificuldades dele também
são sinceras. O que prá mim é tão difícil é tão fácil pro colega ao lado...
- Disposição, disciplina e treino.

E parece que o esforço para aprender, e o equilibrio que advém de desenvolver uma função que não é da nossa natureza acabam retornando para aquela função em que somos os melhores. Como? Atráves do respeito pelas nossas capacidades natas, e a percepção da necessidade de aproveitamento delas e desta facilidade que elas tem prá nós, que é uma benção individual e singular.

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