Esses dias eu me lembrei de um trecho da biografia da Danuza Leão que saiu nos jornais na época do lançamento. Eu já procurei e procurei prá transcrever, mas era algo assim:
Ela falava dos homens com quem se relacionou e de Samuel Wainer em particular. Acostumada a chamar atenção pela sua beleza e por ser musa da sua época, ela falou que ele foi o único dos homens com quem se relacionou que não se ressentiu de ela chamar atenção "demais". Segundo ela, ele colocava os holofotes e falava " brilha!".
Pois é, raro homem esse...
Alma Mahler que o diga... já que o dito compositor só concordou em casar com ela se ela abrisse mão de seus talentos musicais prá sempre. E dizem que ela era tão ou mais talentosa que ele...
Não sei se os homens acossados pelos progressos do feminismo, ou pelas posições em que a mulher vem abrindo espaço, muitas vezes a machadadas o que não é nem um pouco digno de nós, muitas vezes com a persistência e suavidade que nos é característica, estão nos vendo como concorrentes ao invés de nos ver como companheiras.
Se...sempre nos viram e não nos apercebíamos desta violência silenciosa que nos colocava sempre à espera deles- nas coxias da vida.
Se... nunca sequer puderam imaginar que nós, em meio a menstruações dolorosas e variações hormonais, administração de casa, de filhos, de empregados, pudéssemos desejar mais algumas outras ocupações na vida, entre elas as deles como ser médica, arquiteta, engenheira e quiçá presidenta! Uau!
Se... enfim...mistério...
Mas a questão é que: sejam quais forem os motivos, a inveja dos homens existe.
E ela corre como um desses fios de água subterrâneos, é vagaroso e persistente...
Como um ruído baixinho, incessante e enlouquecedor...
Ela existe quando ele se separa porque a mulher ganha mais ou é mais bem sucedida na carreira.
Ela existe quando ele pede que ela troque de roupa por uma menos chamativa quando ela vai sair com ele.
Ela existe quando ele pede que ela deixe de usar maquiagem porque assim ela fica "muito mais linda". Ou quando ele pede prá ela deixar de fazer as unhas ou ir ao salão cuidar do cabelo...
Ela existe também quando ele fica irritado por ela se entrosar mais com os amigos dele que ele próprio e quando ela vira o centro das atenções, seja da festa, seja do almoço, seja porque ela é divertida, espirituosa, seja porque ela é bonita ou excêntrica na aparência.
Parece que o homem encara com mais naturalidade o "adversário" masculino, que contra esse adversário ele usa das regras cavalheirescas dos romances de cavalaria.
Mas no caso das mulheres ele parece não poder assumi-la como igual com quem se concorre, principalmente se ela é sua mulher...
Seria se igualar a uma "mulherzinha", ainda que a sua, e daí vem o jogo silencioso e dissimulado de destruição pelas beiras... "Meu amor eu te amo muito, mas te amo mais se você se mantiver calma e contida escondida atrás de mim..."
As mulheres sempre se regozijaram com o sucesso de seus homens como se fosse o seu.
Porque os homens não podem fazer o mesmo?
Mirar os holofotes em nós, jogar as flores e dizer: - Brilha!!!
Tem gente que gosta de cuidar das coisas atrás das cortinas, tem gente que gosta de ocupar o palco...todos os lugares tem seus prós e contras...
Nem todo homem tem vocação prá brilhar, assim como nem toda mulher...
Nem todo dia é dia de brilhar...mas tem dia que você quer sim, está sim mais iluminado!
Eu gosto de brilhar, às vezes sem querer, às vezes querendo... mas o fato é que eu, embora não seja nenhuma top model e como tantas mulheres maravilhosas que eu conheço, brilho.
E poucos homens na minha vida se sentiram à vontade com isso.
Difícil era conviver com a cara amarrada deles cada vez que eles se sentiam preteridos pelo mundo...
Eu quero é um homem que mire os holofotes em mim e diga:
Brilha nega!!!!!! com todo o coração.