sábado, 9 de abril de 2011

TRAGÉDIA, MIASMA E CARMA...

Vamos partir do pressuposto que eu não sou especialista em cultura grega e em Tragédias, ok?

Vamos começar pelo carma: Na nossa cultura fala-se muito de carma ruim, mas a lei do carma na verdade afirma que "colhemos o que plantamos".
Existe carma ruim e carma bom, e você pode ao agir tornar bom um carma ruim...e vice-versa.
Eu vejo o carma como um reflexo daquela lei física da ação e reação...

Já o miasma é uma espécie de "vapor", mas eu colocaria como efluvio daqueles que possuem uma doença altamente contagiosa...como a lepra nos tempos antigos, a cólera, a tuberculose nos séculos passados...
É uma espécie de nuvem que acompanha o doente contaminando tudo por onde ele passa.

Nas tragédias gregas o herói comete um erro grave que vai gerar uma série de infortúnios posteriores para ele e para os seus entes queridos. Esse erro pode ser causado pela vaidade, pela ganância, pela imprudência, pelo desejo... ou mesmo pela tentativa de driblar um destino que já tinha sido anteriormente traçado prá ele.

Funciona mais ou menos assim:

1-O herói trágico comete um "crime".
*O que se entende por crime é qualquer ação que tenha consequências nefastas na vida de alguém, diretamente ou indiretamente.
2-A partir desse momento esse herói passa a carregar consigo um miasma. É uma espécie de nuvem de infortúnio contagiosa- assim acreditavam os gregos:
"Pela herança maldita que carrega [...] Imundas, imundando tudo aquilo em que ele tocar;
Não poderá compartilhar banquete ou libação [...]
Homem algum jamais há de acolhê-lo, ou com ele dormir na mesma casa.
Zombado, desprezado, solitário
Chegará afinal a morte horrível"
IN Agamenon de Ésquilo
3-Após um sem fim de encadeamentos de ações ocorre a punição do autor do erro trágico e daqueles que a ele estão ligados.

* Como as peças de um dominó uma atrás da outra formando um circuito, o movimento se inicia quando o herói comete o erro trágico - isto é derruba a primeira peça- acabando com o equilíbrio do sistema e fazendo todo ele começar a ruir sequencialmente até que a destruição chega ao ponto de onde se iniciou a ação, derrubando o herói. A ação sai de um ponto e retorna à ele encerrando então seu ciclo.
* Agora por que também sofrem os próximos, os entes queridos do autor da má ação?
Explico: porque o autor trágico sabe que alguém que cometeu um crime, muitas vezes não se importa tanto em pagar por ele, mas fica mortificado se um dos seus, principalmente se for inocente, sofrer com as consequências da sua má ação, ou erro nefasto.

Tenho me perguntado ultimamente se os heróis trágicos não estão mais perto de nós do que imaginamos... Ao assistir ao filme "Sobre meninos e lobos" do Clint Eastwood, me dei conta dessa assustadora proximidade.
Eles não estão apenas na Grécia antiga, ou nas tragédias de Shakespeare, eles estão em nós, na vida dos nossos pais, amigos, parentes e conhecidos...
O que quero dizer é que a cada ação nossa corremos o risco de cometer um erro trágico, corremos o risco de criar um carma negativo que vai não apenas nos prejudicar, mas também àqueles que nós amamos...
Uma forma de diminuir esses riscos é fazer escolhas conscientes.


Segundo Deepak Chopra ao escolher ações que levam o máximo de felicidade para sí e seu entorno o indivíduo tem grandes chances de estar na direção de um carma positivo-para todos.

Essa também é a questão dos miasmas, se estamos em contato com alguém que está envolvido com ações que resultam em um carma negativo, ou seja um erro trágico, é bem provavel que em algum momento uma gota de sangue ou sujeira respingue em nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário