...dando continuação ao post "ESPIRITUALIDADE" :
Foucault afirma que outra forma de "busca da verdade" dentro da história do homem seria
O CUIDADO DE SÍ, entendido como conhecimento de sí, como elaboração de sí para consigo.
Esse cuidado de sí, esse "ocupar-se consigo mesmo", assim como a espiritualidade é o que torna o sujeito "capaz de verdade", no sentido de "apto à verdade". Ele é um momento introspectivo, solitário, contudo, não-individualista, uma vez que todo crescimento e todas as relações interpessoais dependem do conhecimento de sí.
"É preciso ocupar-se com a própria alma."
"Sócrates diz que incita seus concidadãos de Atenas [...] a se ocuparem com sua alma (psykhé) a fim de que ela se torne a melhor possível."
" É sendo sujeito [...] que se deve estar atento a sí mesmo. Trata-se pois de ocupar-se consigo mesmo enquanto se é sujeito da khrêsis (com toda a polissemia da palavra: sujeito de ações, de comportamentos, de relações, de atitudes). A alma como sujeito e de modo algum como substância".
"Durante todo o pensamento antigo de que lhes falo [...] ocupar-se consigo mesmo tem sempre um sentido positivo, jamais negativo."
Ele afirma que em todas as civilizações é manifestada a idéia de "pôr em exercício uma tecnologia de sí para ter acesso à verdade", essa tecnologia consiste em práticas, como:
- A purificação através de rituais.
"[..] escutar música, respirar perfumes, praticar o exame de consciência."
- A concentração da alma:
"A alma é algo de móvel. A alma, o sopro é algo que pode ser agitado, atingível pelo exterior.[...] é preciso evitar que a alma [...] se disperse.É preciso evitar que se exponha ao perigo exterior, que alguma coisa ou alguém do exterior o atinja".
- O retiro:
"É uma certa maneira de desligar-se, de ausentar-se - ausentar-se mas sem sair do lugar - cortar de certo modo o contato com o mundo exterior, não mais sentir as sensações, não mais agitar-se com tudo que se passa em torno de sí".
- A prática da resistência:
" suportar as provações dolorosas e difíceis, ou ainda, resistir as tentaçnoes que possam advir."
"É para conhecer-se a sí mesmo que é preciso dobrar-se sobre sí.
É para conhecer-se a sí mesmo que é preciso desligar-se das sensações que nos iludem.
É para conhecer-se a sí mesmo que é preciso estabelecer a alma em uma fixidez imóvel que a desvincula de todos os acontecimentos exteriores.
É ao mesmo tempo, para conhecer-se a sí mesmo e na medida em que se conhece a sí mesmo que tudo isso deve e pode ser feito."
Foucault observa que até o momento de produção do texto que analisa inicialmente - Alcibíades de Platão - o cuidado de sí aparecia como algo "necessário em um dado momento da existência e em uma ocasião precisa". No caso, no momento em que o jovem aristocrata passava para a idade adulta a fim de prepará-lo para desempenhar as funções esperadas dele dentro do meio social. Porém, há o que ele chama de "uma explosão do cuidado de sí", ou uma generalização dos sujeitos que deveriam "se trabalhar", generalização que é feita em dois eixos: não apenas o aristocrata e aqueles que detém o poder, mas todos os indivíduos. E não apenas na transição da juventude para a vida adulta, mas em todos os momentos da vida.
O cuidado de sí torna-se coextensivo à vida, e há a assimilação entre "filosofar" e "ter cuidados com a própria alma":
"Quando se é jovem não se deve hesitar em filosofar e, quando se é velho, não se deve deixar de filosofar. Nunca é demasiado cedo nem demasiado tarde para se ter cuidados com a própria alma. Quem disser que não é ainda, e já não é tempo de filosofar assemelha-se a quem diz que não é ainda ou já não é tempo de alcançar a felicidade." (Epicuro - carta à Meneceu)
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
domingo, 1 de janeiro de 2012
BEM-VINDOS AO MARAVILHOSO MUNDO DOS HOMENS-PAVAO
Existe uma categoria de homens em ascensão novamente: são os homens-pavão.
Na nossa história eles nunca deixaram de existir, of course, mas às vezes ficam fora-de-moda....mas não nos últimos tempos...
Me dei conta do fato um dia ao levar um caloroso abraço de um destes exemplares que portava um terno vinho, uma camisa rosa, e um perfume tão impregnante que me deixou atordoada.
Apesar da boa-aparência e do charme do sujeito eu preferiria um frio e distante aperto de mão. Assim eu não passaria o resto do meu dia sufocada e com a sensação de ter o cheiro de alguém impregnado em mim, quando eu não dormi com a pessoa em questão.
Fiquei, depois do tal "encontro", e enquanto durava o maldito perfume... que era muito bom por sinal, me perguntando o quê me faria sair correndo de um homem desses: bonito, rico, bem-sucedido, bem vestido, interessante... se ele fosse solteiro, no caso ele era casado, mas para esse tipo de homem isso é apenas um detalhe irrelevante... já que o mundo é um jardim de flores sempre prontas a serem colhidas.
Nem todo homem-pavão é bonito, às vezes ele é apenas bem sucedido, talentoso, inteligente....agora uma coisa todos tem e é a sua principal caracteristica: a Vaidade.
Esse homem se apresenta para as mulheres como quem oferece uma dádiva, como quem concede uma graça: a graça de ser vista ao lado dele, a graça de desfrutar de sua maravilhosa companhia e de elogiar seus comentários, sua inteligência e sagacidade, de poder admirá-lo pessoalmente, e por fim, quem iria querer mais? de partilhar seu leito quando requisitada, dentre tantas que ele poderia escolher...
O homem-pavão é um tipo emblemático de um tempo em que as pessoas relacionam-se apenas consigo próprias mesmo quando estão com outras ou em coletividade, um tempo de monógolos disfarçados de diálogos, de companhias usadas como acessórios... seu melhor amigo é o espelho, esteja ele dentro do armário ou escancarado em cima da cama.
Ele é, sobretudo, um apaixonado, por sí mesmo. E não há lugar prá mais ninguém.
Na nossa história eles nunca deixaram de existir, of course, mas às vezes ficam fora-de-moda....mas não nos últimos tempos...
Me dei conta do fato um dia ao levar um caloroso abraço de um destes exemplares que portava um terno vinho, uma camisa rosa, e um perfume tão impregnante que me deixou atordoada.
Apesar da boa-aparência e do charme do sujeito eu preferiria um frio e distante aperto de mão. Assim eu não passaria o resto do meu dia sufocada e com a sensação de ter o cheiro de alguém impregnado em mim, quando eu não dormi com a pessoa em questão.
Fiquei, depois do tal "encontro", e enquanto durava o maldito perfume... que era muito bom por sinal, me perguntando o quê me faria sair correndo de um homem desses: bonito, rico, bem-sucedido, bem vestido, interessante... se ele fosse solteiro, no caso ele era casado, mas para esse tipo de homem isso é apenas um detalhe irrelevante... já que o mundo é um jardim de flores sempre prontas a serem colhidas.
Nem todo homem-pavão é bonito, às vezes ele é apenas bem sucedido, talentoso, inteligente....agora uma coisa todos tem e é a sua principal caracteristica: a Vaidade.
Esse homem se apresenta para as mulheres como quem oferece uma dádiva, como quem concede uma graça: a graça de ser vista ao lado dele, a graça de desfrutar de sua maravilhosa companhia e de elogiar seus comentários, sua inteligência e sagacidade, de poder admirá-lo pessoalmente, e por fim, quem iria querer mais? de partilhar seu leito quando requisitada, dentre tantas que ele poderia escolher...
O homem-pavão é um tipo emblemático de um tempo em que as pessoas relacionam-se apenas consigo próprias mesmo quando estão com outras ou em coletividade, um tempo de monógolos disfarçados de diálogos, de companhias usadas como acessórios... seu melhor amigo é o espelho, esteja ele dentro do armário ou escancarado em cima da cama.
Ele é, sobretudo, um apaixonado, por sí mesmo. E não há lugar prá mais ninguém.
SER ARTISTA
Trecho da entrevista de Luiz Alphonsus - artista plástico- no Correio Brasiliense de 26 dez 2011.
Sobre a condição de artista:
"Minha geração inteira abandonou a faculdade [...] Não me formei, larguei a arquitetura e fui ser artista.
.................................................................................................
E ninguém precisava se formar prá ser artista.
Hoje, também, não precisa, é mais uma questão profissional, pela sobrevivência.
Na realidade, o que você faz prá ser artista? Tudo o que não te ensinam na faculdade."
Sobre a escrita e o artista plástico:
"A gente tem várias cabeças, somos vários.
A escrita e a arte são duas áreas que se separam dentro da gente.
Tem a questão visual, o pensamento, e a questão do texto.
O texto é outra área do ser.
..................................................................................................................................................................
E se você tem a capacidade, você deve escrever, principalmente os artistas e músicos que lidam com essas coisas. Me descansa profundamente do dia-a-dia, das coisas que tenho que lidar profissionalmente dentro das artes plasticas.
Com o passar dos anos, o que uma atividade artistica se torna? Extremamente profissional e você luta prá que isso não aconteça e destrua o teu trabalho."
Sobre a condição de artista:
"Minha geração inteira abandonou a faculdade [...] Não me formei, larguei a arquitetura e fui ser artista.
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E ninguém precisava se formar prá ser artista.
Hoje, também, não precisa, é mais uma questão profissional, pela sobrevivência.
Na realidade, o que você faz prá ser artista? Tudo o que não te ensinam na faculdade."
Sobre a escrita e o artista plástico:
"A gente tem várias cabeças, somos vários.
A escrita e a arte são duas áreas que se separam dentro da gente.
Tem a questão visual, o pensamento, e a questão do texto.
O texto é outra área do ser.
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E se você tem a capacidade, você deve escrever, principalmente os artistas e músicos que lidam com essas coisas. Me descansa profundamente do dia-a-dia, das coisas que tenho que lidar profissionalmente dentro das artes plasticas.
Com o passar dos anos, o que uma atividade artistica se torna? Extremamente profissional e você luta prá que isso não aconteça e destrua o teu trabalho."
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