Tenho pensado muito ultimamente sobre a questão do excesso.
A nossa sociedade atual parece se colocar na antípoda da sociedade castradora do séc. XIX, onde tudo era podado e controlado.
Soltamos a franga e agora podemos tudo!
O que não percebemos é que a estimulação ao excesso é também uma forma de controle ou castração. Foucault fala disso. E isso não se restringe apenas às questões sexuais, vai além, infelizmente.
Se antes o indivíduo tinha uma dificuldade causada pela castração social de verbalizar os seus sentimentos, e os seus pensamentos acerca das questões que o afligiam, hoje é o oposto: O indivíduo fala demais e com isso causa problemas que antes não existiam. A ausência de uma membrana semi-permeável entre o pensamento e o que se verbaliza causa a aberração de uma enxurrada sem fim de palavras, a maioria delas vazias, desimportantes e desnecessárias.
O que o se conclui é que:
É tão importante esquecer quanto lembrar.
É tão importante calar quanto falar.
Se você fala, fala, fala... vai lembrar , lembrar, lembrar... é como um animal que lambe suas feridas até o outro lado do corpo e só vai aumentando a região lesionada...
* Tem uma prova que adoro submeter meus amigos, mas a que infelizmente nem todos passam: é a prova do silêncio. Da intimidade tão grande que não é preciso falar nada, os sentimentos, as sensações, a felicidade ou a tristeza são compartilhados de uma forma não-verbal, e não há o menor constrangimento.
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