domingo, 11 de dezembro de 2011

ESPIRITUALIDADE

Ninguém melhor do que Foucault prá definir espiritualidade:


"Poderíamos chamar de ESPIRITUALIDADE o conjunto de buscas, práticas e experiências tais como as purificações, as asceses, as renúncias, as conversões do olhar, as modificações de existência, etc., que constituem [...] para o sujeito [...] o preço a pagar para ter acesso à verdade."

"A espiritualidade postula que a verdade jamais é dada de pleno direito ao sujeito."

"A espiritualidade postula que o sujeito enquanto tal não tem direito, não possui capacidade de ter acesso à verdade."

"Postula que a verdade jamais é dada ao sujeito por um simples ato de conhecimento, ato que seria fundamentado e legitimado por ser ele o sujeito e por ter tal e qual estrutura de sujeito."

"Postula a necessidade de que o sujeito se modifique, se transforme, se desloque, torne-se, em certa medida e até certo ponto, outro que não ele mesmo, para ter direito ao acesso à verdade."

"A verdade só é dada ao sujeito a um preço que põe em jogo o ser mesmo do sujeito. Pois tal como ele é, não é capaz de verdade."

"[...] Desse ponto de vista não pode haver verdade sem uma conversão ou sem uma transformação do sujeito."

"A espiritualidade postula que quando efetivamente aberto, o acesso à verdade produz efeitos que seguramente são consequência do procedimento espiritual realizado para atingi-la, mas ao mesmo tempo são outra coisa e bem mais [...]"

"Para a espiritualidade, a verdade não é simplesmente o que é dado ao sujeito a fim de recompensá-lo, de algum modo, pelo ato de conhecimento e a fim de preencher esse ato de conhecimento."

"A VERDADE É O QUE ILUMINA O SUJEITO; A VERDADE É O QUE LHE DÁ BEATITUDE; A VERDADE É O QUE LHE DÁ TRANQUILIDADE DE ALMA."

"Em suma, na verdade e no acesso à verdade, há alguma coisa que completa o próprio sujeito, que completa o ser mesmo do sujeito e que o transfigura."


"Resumindo: para a espiritualidade, um ato de conhecimento, em sí mesmo e por sí mesmo, jamais conseguiria dar acesso à verdade se não fosse preparado, acompanhado, duplicado, consumado por certa transformação do sujeito, não do indivíduo, mas do próprio sujeito no seu ser de sujeito."