Esses tempos atrás ao observar as pessoas em geral percebí o quanto o dinheiro influencia a vida delas - ou de todos nós. Não é apenas uma questão de pouco dinheiro ou de muito dinheiro, de tê-lo ou não tê-lo. Foi ao perceber que muitas vezes a presença do dinheiro complica a vida de determinadas pessoas, mais do que simplifica, que passei a analisar com mais atenção o fenômeno, e descobrí que a maioria dos sujeitos não sabe se relacionar com o dinheiro de forma saudável- ou seja usando-o para aquilo que ele foi criado: como meio de troca, uma espécie de recipiente vazio. Das muitas coisas que lí sobre o dinheiro nessa minha busca de entendimento uma das melhores foi o Livro de Axel Capriles, Dinheiro - Sanidade ou loucura?, aí vão umas considerações muito interessantes:
"A psicopatologia monetária molda desde os acontecimentos banais da vida cotidiana até os valores e significados culturais profundos."
"O complexo do dinheiro é, em definitivo, o grande tema da psicologia contemporânea, uma poderosa dominante psíquica com a qual os analistas e psicoterapeutas têm que aprender a lidar inevitavelmente [...] A exploração da vida financeira de um paciente é tão necessária como a análise da infância, a que a nossa obsessão biográfica tem dado tanto peso. Na prática psicoterapeutica de todos os dias, o dinheiro é uma presença contínua. É o fio condutor das patologias e dos complexos familiares, é o veículo que dá continuidade às paixões, de geração em geração."
"O uso emocional do dinheiro aparece em quase todos os disturbios mentais."
"Nos casos de mania surgem com frequência delírios demenciais de grandeza e riqueza. O doente eufórico se sente capaz de realizar os mais arriscados negócios e as mais extraordinárias transações milionárias [...] Os paranóicos escondem o dinheiro e vivem obcecados e acossados pelo temor de alguém queira roubá-lo.
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As taras monetárias estão presentes em cada tipologia caracteriológica: no avarento, no tacanho, no perdulário, no jogador, no exibicionista, no sonhador, no negociante, no colecionador."
"Cada tipo de personalidade, cada organização de caráter expressa uma dinâmica psíquica diferente, uma constelação sui generis do complexo monetário [...]
As finanças tecem silienciosamente intrincados contratos interpessoais, demarcam territórios e fronteiras que nos prendem e nos violentam de modo dissimulado [...]
O orçamento monetário incomoda a sexualidade e o casamento. É parte da manipulação, do domínio e do poder sexual nas relações interpessoais. [...] Os assuntos financeiros complicam o trato com os amigos, os laços afetivos do casal, os vínculos de parentesco e as relações entre pais e filhos.[...]
É, de fato, o caminho de entrada mais direto para as zonas escuras da personalidade."
"A idéia de uma culpa velada e um desprezo pelo dinheiro que se insere no mais profundo inconsciente coletivo do latino americano [...] Se algo que desejo (porque gosto e me dá prazer) também me incomoda ( já que inconscientemente me produz culpa e desdém), quando o obtenho, minha tendência será imediatamente usá-lo, ou, fazê-lo desaparecer. Tentarei me desfazer dele."
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